Cinco mulheres morrem após explosão de projétil em casamento no Iêmen
Ataque aconteceu em cidade na linha de frente do conflito entre forças pró-governo do país e rebeldes huthi, que trocam acusações sobre autoria.
Cinco mulheres morreram e sete pessoas, incluindo várias crianças, ficaram feridas na explosão de um projétil em uma casa de festas durante um casamento em Hodeida, uma cidade no sudoeste do Iêmen.
De acordo com fontes do governo e testemunhas, o artefato caiu na noite desta sexta-feira (1º) sobre o salão de festas perto do aeroporto de Hodeida. A área fica na linha de frente entre as forças pró-governo do país e os rebeldes huthi, grupo que controla a cidade.
A explosão foi descrita como um "crime atroz cometido pelos huthis contra civis" pelo general Sadek Duid, representante do governo na Comissão Mista patrocinada pela ONU para tentar manter uma trégua em Hodeida.
Já o "governador" de Hodeida, designado pelos huthis, Mohamed Ayash, atribuiu o ataque a forças pró-governo. "As forças de agressão cometem crimes e não hesitam em culpar os outros", disse ele ao canal de televisão rebelde Al-Massirah.
Os huthis pediram uma investigação internacional sobre a explosão, de acordo com sua agência de notícias.
Deflagrado em 2014 por uma ofensiva dos huthis, o conflito no Iêmen já deixou milhares de mortos, de acordo com ONGs internacionais.
Os rebeldes resistem desde março de 2015 à intervenção militar de uma coalizão liderada pela vizinha Arábia Saudita, a qual apoia o governo iemenita do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, reconhecido pela comunidade internacional.
Os huthis contam, por sua vez, com o apoio do grande rival regional dos sauditas, o Irã.
Histórico de ataques
Em 13 de junho de 2018, forças pró-governo, apoiadas pela coalizão, lançaram uma ofensiva para retomar Hodeida.
Seis meses depois, em 13 de dezembro, a ONU anunciou acordos para silenciar temporariamente as armas, especialmente em Hodeida, após conversas entre iemenitas na Suécia. O sucesso dessa trégua tem sido relativo.
Na última quarta (30), um grande ataque teve como alvo o aeroporto de Áden, capital provisória do governo, no momento de chegada dos novos ministros. Pelo menos 26 pessoas morreram, mas nenhum ministro foi atingido. O governo culpou os huthis.
Depois desta ofensiva, a nova administração, resultado de uma distribuição de poder entre as diferentes facções hostis aos huthis, prometeu "estabilizar" o país e decidiu retomar os voos no aeroporto a partir deste domingo (3).
Antes disso, em 4 de dezembro passado, pelo menos oito pessoas morreram no bombardeio de um complexo industrial de Hodeida. E, no final de novembro, cinco crianças e três mulheres morreram em um bombardeio de bairros residenciais, atribuído aos huthis.
Também no final de novembro, os acampamentos militares huthis em Hodeida foram alvo de ataques aéreos da coalizão, em represália por um bombardeio sobre um sítio petroleiro saudita, atribuído a insurgentes iemenitas.
O conflito que se arrasta há anos mergulhou o Iêmen, um país muito pobre da Península Arábica, na pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU. São dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e uma população à beira da fome.
Todos os esforços da ONU para encontrar uma solução política para o conflito fracassaram até agora.
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